Um exame de DNA mostrou nesta terça-feira (22) que não houve troca de bebês na maternidade do Hospital São Lucas, em Santos (SP). O caso estava sendo investigado pela polícia depois que um casal, que afirmava ter tido dois bebês do sexo masculino, recebeu um menino e uma menina horas após o parto.
Com o resultado do exame, realizado pelo Centro de Genomas de São Paulo, a possibilidade é que o erro tenha sido cometido durante as ultrassonografias, feitas pela mãe no pré-natal. Os exames apontavam a presença de dois meninos.
Sérgio Paes de Melo, diretor administrativo do hospital, disse que todo o procedimento antes do parto foi correto e que os exames podem ter induzido a equipe médica ao erro. “Talvez, o maior equívoco da equipe foi ter confiado no resultado da ultrassonografia”, afirmou.
Na sexta-feira (18), Evelyn Otero Pires, 22, entrou na maternidade para realizar o trabalho de parto. Ela estava certa que daria à luz gêmeos do sexo masculino, conforme indicavam os cinco exames de ultrassom realizados. Evelyn já havia escolhido até os nomes dos seus filhos: Nicolas e Gustavo.
Agora, os bebês serão batizados de Gustavo e Nicole. "A princípio era Nicolas, agora eu simplifiquei só, não é Nicolas, vamos de Nicole", explica o pai, Rodrigo Santos Amarelo, 33, afirmando que roupinhas rosas já começaram a chegar para integrar o enxoval, antes cheio de peças azuis.
As crianças nasceram por cesariana e foram acompanhadas por um pediatra. Primeiro veio Gustavo, às 12h46, e um minuto depois nasceu a Nicole. A menina, porém, apresentava problemas de sofrimento fetal --quando o cordão umbilical fica enrolado no pescoço. “Sem dúvida, esse foi um dos motivos que fizeram com a equipe de médicos não percebesse, instantaneamente, que havia nascido uma menina em vez de um menino", alegou Melo.
Os bebês receberam uma pulseira, identificando-os como do sexo masculino, ao passo que a mesma informação ficou registrada nas carteirinhas com a impressão dos pés. Mas, sete horas após o parto, uma enfermeira constatou que um dos bebês era, na verdade, uma menina. Isso ocorreu no momento em que as crianças foram tomar banho e trocar as fraldas. Assim começou a suspeita de uma possível troca de bebês na maternidade.
Inconformado com a situação, o pai buscou explicações com funcionários do hospital, mas não obteve respostas satisfatórias. Então resolveu levar o caso até a polícia para averiguar se realmente houve troca de bebês ou o equívoco estava no exame de ultrassom.
O diretor do hospital admite que houve um erro no preenchimento da documentação, que foi o estopim para a polêmica sobre a suposta troca de bebês. Ao ser questionado sobre mudanças no procedimento do hospital, Melo afirmou que o trabalho continuará a ser executado da mesma forma.
Para Melo, não havia dúvidas de que os recém-nascidos eram irmãos, mas o exame foi feito para tranquilizar a família. “Realizamos mais de 200 partos por mês e é a primeira vez que alguém suspeita de troca de bebês”, disse. “A principal prova de que não houve troca é que não teve mais nenhum pai que reclamou da ausência de uma menina”, finalizou.
O diretor disse ainda que a família se “precipitou ao denunciar o caso à polícia, sem a divulgação do resultado final do exame de DNA”. “O hospital atua na cidade há mais de 50 anos, todos conhecem a nossa idoneidade e a nossa lisura. Tudo poderia ter sido resolvido de maneira simples, sem maiores transtornos."
Família aliviada
A família afirma ter vivenciado quatro dias de muita agonia, até a divulgação oficial do resultado. “Graças a Deus foi tudo solucionado e estou muito feliz”, diz o pai.
Mesmo assim, Amarelo ressalta que é necessário adotar mudanças no procedimento do pós-parto no hospital. “O atendimento à minha esposa foi nota 10. Mas a equipe deve prestar atenção na maternidade e no berçário para não repetir um transtorno como esse."
Questionado sobre uma possível ação judicial contra a maternidade, o pai afirmou que agora é cedo para comentar esse assunto. "Estamos muito aliviados e vamos agora aproveitar as crianças", finalizou.
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